Manuel Costa – Ovar, Portugal.
Sou Manuel António Moreira da Costa, nasci em 1949 em S. João da Madeira, residindo em Ovar desde 1983.
Já no ensino primário revelei uma acentuada tendência para as artes e a criatividade. Porém, oriundo de uma família numerosa (10 irmãos) e de parcos recursos, vi-me impedido de alcançar o meu grande ensejo de seguir o ensino das artes plásticas e/ou arquitetura. Mesmo assim, consegui, com a prestimosa ajuda dos meus irmãos mais velhos, ser o primeiro deles a ir além da instrução primária, concluindo o ensino técnico, que se viria a revelar essencial no desenvolvimento do meu futuro profissional.
Durante a juventude envolvi-me em vários projetos artísticos, participando em grupo ou individualmente em algumas mostras locais de pintura, debate e produção poética, donde há a destacar a minha participação e publicação ativa no suplemento literário “Juvenil” do extinto e saudoso Diário de Lisboa, ao lado de então futuros nomes da literatura e do jornalismo nacional como Hélia Correia, José Jorge Letria, Jorge Massada, Tito Lívio e outros.
A primeira incursão fotográfica coincide precisamente com o serviço militar nas ex-colónias, no caso vertente na Guiné Bissau, com a aquisição da primeira reflex (velhinha, inestimável e ainda existente Asahi Pentax Spotmatic). A entrada neste novo mundo, a fotografia analógica, obriga a estudo afincado dos rudimentos da arte, com a ajuda fundamental de um extenso tratado da própria Pentax (que ainda hoje conservo), ensinamentos que foram a grande e verdadeira aprendizagem nesta área.
Inicia-se então o meu percurso fotográfico, desde logo, procurando captar a essência do povo autóctone e genuíno da Guiné Bissau, nomeadamente através dos seus atores mais marcantes, as crianças e os mais idosos. Com o regresso ao País, a temática fotográfica mantém-se, agora pelas regiões mais inóspitas e empobrecidas do interior profundo.
Nesta fase, foi usada essencialmente a técnica da revelação a preto e branco por transmitir melhor a expressão captada, além de me permitir trabalhar na câmara escura de um familiar, profissional do ramo.
A constituição de família acontece quase em simultâneo com um ambicioso projeto profissional empresarial no ramo da moda, felizmente, com grande sucesso. A absorvência profissional, com viagens e contactos no exterior, inibe quase por completo e durante algumas longas décadas a prossecução da atividade fotográfica na sua vertente artística, que, a partir de então e com o advento do digital, se resume à fotografia de produto e/ou de viagem.
É com a minha aposentação que regressam as antigas mas nunca sepultadas ideias e projetos da fotografia pela fotografia. Aquisição de equipamento capaz, aperfeiçoar e adaptar os velhos conhecimentos, acordar e dar livre curso à torrente artística adormecida.
Nesta nova fase, de tempos e meios completamente diferentes, haveria que optar por temas e vias de expressão diversos que de alguma forma permitissem fazer saltar a lucidez estética durante tanto tempo enclausurada. Assim apareceu a temática floral que é a expressão mais saliente do meu trabalho atual. É aqui que, para já, procuro com afinco fixar uma narrativa daquela beleza inalcançável, envolvendo-a numa dinâmica de cromática e de composição livres e capazes de surpreender.
Até que seja possível voltar de novo ao meu imaginário temático. É o renascer do velho paradigma que viaja comigo desde a juventude: captar e gravar nos megapixéis e na alma os sorrisos das crianças e dos idosos que ainda existem por esse Portugal esquecido e ignorado.
O último projeto? Talvez, mas vai acontecer, tem que acontecer.
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