
“Comecei a fotografar em 2009 por mera curiosidade…objetos simples…situações banais. Fui, eu próprio, o meu primeiro modelo numa série de autorretratos, porque, além de não possuir candidatos, o que queria expor não poderia ser feito por mais ninguém visto tratarem-se de situações minhas. Medos, desilusões e desejos que eram só meus.
Aos poucos comecei a retratar os outros…centrando-me nos olhares, no que lhes ia na alma… e comecei a juntar um conjunto de imagens que retratavam alguém e que ao mesmo tempo retratavam situações comuns a muitas pessoas que as visualizavam nas exposições que fiz.
O meu percurso sempre se baseou na experimentação. Experimentar novas técnicas de retratar e expor coisas não visíveis a olho nu. Ao longo dos anos consegui gravar em imagens a menina cujos pais se divorciaram e a fizeram sentir-se nua, a rapariga bonita que o namorado fazia sentir-se princesa, mas que a maltratava quando estavam sozinhos no castelo, o homem que via a sua vida esvair-se em cada cigarro que fumava… foi assim que fui imortalizando fantasmas e medos particulares e, ao mesmo tempo, comuns a muitas pessoas.
Ao longo dos anos fui juntando numa caixinha pessoas, momentos, medos, agonias, alegrias e curiosidades.
Decidi parar alguns anos e viajar pelo mundo. Conheci novas pessoas, vivi novas experiências, desiludi-me, apaixonei-me, sofri e fui recarregando baterias para novos retratos.
Terminei o meu hiato quando achei que já tinha mais material para construir. Recomecei do zero… congelando imagens felizes, imortalizando momentos simples como nascimentos, passeios com o meu cão e aos poucos voltei a abrir a caixa para recomeçar o meu percurso de renascimento. Comecei por coisas simples: olhares simples, inocentes… poses meramente ilustrativas e aos poucos fui deixando fluir o que adormecera dentro de mim ao longo destes anos: os monstros que todos temos guardados dentro e que por vezes acordam; o desejo que sentimos de colocar máscaras de gás que nos isolem do resto do mundo; os plásticos que nos protegem do que não queremos que nos toque…
Encontrei a minha inspiração novamente ao adoptar um cãozinho de rua. Ensinou-me a ver o mundo cruel que se encontra lá fora. Apaixonei-me pelos animais e pela beleza que transmitem na fotografia. Neste momento dedico grande parte da minha fotografia a eles. A animais de rua que convido a fotografar de forma a ajudar à sua adopção. Recebo dezenas deles no meu estúdio a quem ofereço fotografias de forma a que o mundo consiga ver neles a beleza que eu vejo e se apaixonem por eles como eu.
Este é o meu percurso… um caminho cheio de experiências claras e escuras, pessoas, sentimentos, revoltas e animais.
Este sou eu.
Carlos Filipe”
olhares.com: olhares.com/carlosfilipe
Facebook: facebook.com/carlosfilipefoto
Instagram: instagram.com/carlosfilipefotografia/
Amigos Imperfeitos
O Projeto algarvio “Amigos Imperfeitos” criado por Carlos Filipe, David Venâncio e João Ferreira em Outubro de 2019 sensibiliza as pessoas para imperfeições dos animais e com objetivo de ajuda-los na adopção. Carlos Filipe começou por realizar sessões fotográficas em espaços públicos onde o dinheiro angariado doações seria entregue a associações, como a Pata Ativa em Albufeira ou a Pata Faro. No total foram angariados 2000 euros para as instituições de apoio aos animais.