© Rui Pedro Oliveira | 500 metros.
A Linha de Leixões, também conhecida como Linha de Cintura do Porto, Linha de Circunvalação do Porto, ou Linha de Circunvalação de Leixões, é uma ligação ferroviária entre o Porto de Leixões e a estação de Contumil, na Linha do Minho, em Portugal. No cruzamento com os dormitórios, as fábricas ou os cantos rurais que tipificam a malha urbana do grande Porto, há mais de meio século que os habitantes se habituaram à buzina de aviso da automotora que corta abruptamente o silêncio das traves de ferro inertes. A força das composições (que podem atingir a extensão de 500 metros) faz uma pausa no quotidiano, daqueles que momentaneamente cruzam a linha ou lhes retiram a visão para o outro lado da linha.
Local: Centro Português de Fotografia, Antiga Cadeia e Tribunal da Relação do Porto,
Largo Amor de Perdição s/n, 4050-008 Porto (Piso 2, Sala ECE)
Período de apresentação ao público
Data e hora de inauguração: 3 de setembro de 2022, às 16h00
Data de termo: 25 de setembro de 2022
A sociologia e a fotografia emergiram na mesma altura – Auguste Comte publicou a obra Discours sur l’esprit positif em 1844, e Louis Daguerre apresentou publicamente o daguerreótipo em 1839. No início do século XX, a fotografia ganha alento enquanto ferramenta para expor os problemas da sociedade.
Durante a Grande Depressão, as fotografias dos fotógrafos e fotógrafas ao serviço da Farm Security Administration é informado por guiões fotográficos desenvolvidos por cientistas sociais. Já em 1965, o sociólogo Pierre Bourdieu publicou Un art moyen, um estudo sobre os usos sociais da fotografia.
Em 1974, Howard Becker publicou o seminal artigo Photography and Sociology no qual defende a importância da informação visual, particularmente da fotografia, na análise sociológica. Esta exposição coletiva vai de encontro a esse repto que, 48 anos mais tarde, continua tão atual quanto urgente.
Como podemos olhar para o Grande Porto a partir de uma lente que é simultaneamente
sociológica, ética e estética? Que retrato podemos fazer dos seus vários territórios? Quais
os efeitos da desindustrialização e dos processos recentes de turistificação e gentrificação?
Estas e outras questões são um convite à reflexão e à ação fotográfica. Conforme Henri
Lefébvre escreveu em 1968, a cidade pode ser descodificada a partir de uma análise a
diferentes escalas e dimensões.
Esta exposição reúne trabalhos de sociólogos e fotógrafos que aliam a dimensão social,
política e artística da fotografia na observação do Grande Porto a partir de temas
particulares (práticas, discursos e representações de identidade; habitação e espaço
doméstico; lugares intersticiais e entre-lugares; sociabilidades, rituais e quotidianos;
espaço público: usos e dinâmicas de subversão e contestação).
Ana Clara Roberti . Beatriz Lacerda . Bianca Stanea . Catarina Ribeiro . Celso Pais . Eduardo Silva . Filipe Santos . Francisco Rocha . Inês Barbosa . João Aguiar . João Pedro Rocha . Jorge Ferreira . Lígia Ferro . Luís Coelho . Luís Pisco . Miguel F . Paulo Cottim . Paulo Pimenta . Pedro Alegria . Rui Pedro Oliveira . Vanessa Rodrigues