BIOGRAFIA
Hugo Rodrigues Cunha nasceu a 5 de Abril 1974 e desde cedo manifestou algumas tendências fotográficas, ambulance sendo perseguido, como todo o iniciado, por um bom pôr do Sol e os seus próprios pés.
No ano de 1993 ingressa no curso de Ensino de Física e Química- variante de Física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que conclui em 2000. Em 1997 inicia a sua actividade como monitor de Natação, sovaldi actividade que ainda exerce juntamente com a de professor de físico-química desde 1999. Em 2002 entra no Mestrado em História e Filosofia da Ciência na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa do qual conclui a parte curricular em 2003.
Em Fevereiro de 2007 inicia finalmente os seus estudos em fotografia no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, medical onde frequenta actualmente o nível 3. Estudou ainda no “Atelier de Lisboa” onde frequentou os Cursos de Laboratório Digital e o Curso Teórico de Linguagem Fotográfica. Vence o Prémio “Novo Talento FNAC Fotografia” em 2008.
TEXTO DO JÚRI
Um Ponto Exacto Para Ver mostra-nos como a seriação cartográfica através da fotografia pode abandonar a sua condição primeira de documento utilitário e vago de carga simbólica para um objecto estético carregado de referentes que questiona e pensa a maneira como hoje nos relacionamos com uma ideia de espaço em sucessivas aproximações, em novas perspectivas, cada vez mais visível e disponível em todo o tipo de suportes digitais.
A linguagem de registo geotopográfico encontrou na fotografia um dos seus mais poderosos aliados. Ao servir-se dela como suporte não satisfez apenas uma necessidade de representação realística e descritiva – criou, por si, obras de relevância conceptual e poética únicas e forneceu massa criativa a uma grande diversidade de autores ao longo da história da imagem fotográfica. Hoje, representa um dos mais intensos programas de produção artística ligados à fotografia contemporânea.
O trabalho de Hugo Rodrigues Cunha é herdeiro dessa corrente que usa diferentes abordagens da espacialidade à procura de significados travestidos, ocultos, que tentam aproximar-se de uma organização do real, de uma certa ordem do olhar.
Partindo de um visão bidimensional de imagens satélite disponibilizadas pelo programa informático Google Earth, a partir da qual é possível ver boa parte da superfície terrestre, Um Ponto Exacto Para Ver convoca-nos para uma experiência ao mesmo tempo documental e contemplativa, onde, para além do exercício de encontrar as diferenças e as semelhanças num e noutro registo, ganham importância, numa ordem estética, as cargas histórica, social, política, económica e ecológica transportadas pela imagem fotográfica tridimensional.
Este último modo de ver dá-nos o “conforto” da verticalidade em relação ao chão e, em muitos casos, a largueza em perspectiva. Mas é só uma liberdade aparente porque, ao mesmo tempo, está lá a visão cega em profundidade, minuciosa em localização e contexto, onde vemos o aguilhão do pionés que nos manieta e orienta o olhar, que nos sublinha a imobilidade fotográfica através de uma longitude e uma latitude.
É uma dualidade visualmente atraente que nos leva a seguir a configuração, recorte e organização do rio Tejo na margem lisboeta, muito perto da desembocadura no mar. À medida que o olhar segue do ponto exacto de onde se vê pela linha do horizonte para onde somos impelidos a ver revela-se uma margem ribeirinha que continua inacessível e em desalinho.
Para lá da emoção que nos provoca a diferença das escalas fornecida pela bidimensionalidade da imagem pública do Google Earth, Um Ponto Exacto Para Ver incentiva-nos a rever as referências que guardamos de um espaço e a pôr em causa de forma crítica as imagens que temos dele.